segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

" O valor das pessoas, por Nuno Ferreira

"Valor
do Lat. Valore s. m., o que uma coisa vale; preço; importância; qualidade inerente a um bem ou serviço que traduz o seu grau de utilidade; qualidade daquele ou daquilo que tem força; valia; estimação; valentia; coragem; mérito; préstimo;

Será que damos “valor” às pessoas que nos rodeiam? Quanto valem os nossos amigos? Qual o “preço” duma amizade? Qual a valia de um familiar?
Somos pequenos “pedaços de madeira” perdidos neste “mar” a que chamamos sociedade, pedaços de madeira como aqueles que podem ser apanhados por qualquer pessoa numa praia, atirados, mal tratados, espezinhados, mas que também podem ser acarinhados, bem tratados, limados e polidos pelas mãos de quem soube dar “valor” e vê a beleza e o potencial que está por detrás desse pedaço de madeira…
Gosto de me ver como um “pedaço de madeira” que é o resultado de tudo o que já passou e vai passando, algumas mossas, muitos golpes e feridas, mazelas q.b., mas também limado, concertado, polido e até mesmo transformado numa bela caixa que apesar de ter algumas arestas, defeitos, falhas por limar e algumas imperfeições, guarda muito “valor” lá dentro.
A muitas pessoas falta valor, não parecem ter qualidade alguma nem utilidade, não se lhes vê alguma mais valia, mérito ou préstimo, no entanto, acredito que essas pessoas servem para darmos valor a outras. Quantos de nós não demos valor a alguém por termos sido maltratados ou ignorados por outra pessoa? Quantos não se arrependeram da forma como tratámos alguém quando sentimos na pele o mesmo trato? Quantos de nós não seremos no nosso dia-a-dia pessoas sem “valor”???
Muitas pessoas não se apercebem que rebaixam quem está à sua volta apenas para terem as pessoas que as rodeiam ao seu nível, em vez de tentarem ser melhores pessoas, em vez de fazerem algo por si e pelos outros.
Apesar do nosso valor estar na importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, está também e principalmente na nossa própria valorização, no nosso mérito, nas nossas virtudes, na capacidade de tentarmos e querermos ser melhores.
Somos melhores quando nos superamos a nós próprios, não quando superamos os outros.
Muitas vezes não valorizamos as pessoas que nos rodeiam, que nos apoiam, que estão lá para nós quando precisamos, porque essas pessoas tomamos como garantidas. Nada é garantido, tudo é efémero, passageiro. De um dia para o outro podemos perder alguém querido, sem termos oportunidade de lhe dizer e mostrar o quão importantes eram e quanto valiam para nós. Sortudos aqueles que fazem por isso e o conseguem antes que seja tarde demais!
Volto a repetir as perguntas: “Será que damos “valor” às pessoas que nos rodeiam? Quanto valem os nossos amigos? Qual o “preço” duma amizade? Qual a valia de um familiar?”
Não pensem naquilo que já perderam durante a vida, isso não voltará, pensem sim naquilo que podem estar a perder e podem vir a perder por não valorizarem quem está à vossa volta!"

Pensem nisto... Nunca como agora, esta pequena missiva fez/faz tanto sentido para mim... Vamos sempre a tempo... :)

1 comentário:

  1. É tão verdade e simples tudo isso que escreves Nuno, preencheria a nossa vida, dar-lhe-ia sentido ... Aprendi (nem sei bem, porque na teoria já o sabia) isso há bem pouco tempo com a morte inesperada da minha irmã ... quando dei conta e por muitos motivos todos eles conhecidos de quem vive, trabalha, é mãe de dois filhos, é irmã de muitos irmãos,..., já não estava (de estar mesmo) com a minha irmã sensivelmente há um ano ... e de repente só me resta a lembrança do seu sorriso tímido mas carinhoso e sempre que me telefonava tratava-me sempre por "Jacintinha" ...
    O problema da nossa civilização é que sabemos, mas demoramos a sentir ... tudo seria bem diferente se conseguíssemos sentir aquilo que o outro sente ... quando te falha o chão e de repente acordas às 2 da manhã com a notícia da PJ que a tua irmã foi assassinada ... foges de casa desvairada à procura de respostas, deixas os teus filhos a dormir em casa, mas só encontras a PJ para te fazer perguntas, já nem sinal da tua irmã, percebes tudo ... o teu mundo mudou ... os que te acompanham ficam em choque ... mas passados dois meses ficas estranha, porque tu continuas diferente e a lutar para encontrar uma forma de estar, mas olhas à tua volta e tudo continua igual, os teus amigos, mesmo os mais próximos, continuam a chatear-se com as mesmas mesquinhices, o teu trabalho a exigir de ti,..., o choque para os outros passou, mas tu és outra pessoa.

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